quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Zé Ramalho - Jardim das Acácias


 

Jardim das Acácias

Nada vejo por essa cidade

Que não passe de um lugar comum

Mas o solo é de fertilidade

No jardim dos animais em jejum

Esperando o alvorecer de novo

Esperando o anoitecer pra ver

A clareza da oitava estrela

Esperando a madrugada vir

E eu não posso com a mão retê-la

E eu não passo de um rapaz comum

Como e corro, trafego na rua

Fui graveto no bico do anum

Vez em quando sou dragão da lua

Momentâneo alienígena

A formiga em viva carne crua

Perecendo e naufragando no mar

Uoh-oh-oh oh-oh, naufragando no mar

A papoula da terra do fogo

Sanguessuga sedenta de calor

Desemboco o canto nesse jogo

Como a cobra se contorce de dor

Renegando a honra da família

Venerando todo o ser criador

No avesso de um espelho claro

No chicote da barriga do boi

No mugido de uma vaca mansa

Foragido como Judas, em paz

A pessoa que você mais ama

No planeta vendo o mundo girar

Uoh-oh-oh oh-oh, vendo o mundo girar

2 comentários:

  1. Zé Ramalho não canta, fala versos!! Quem mais concorda da like!! Salve grande Zé Ramalho!!

    ResponderExcluir
  2. As letras dos primeiros discos de Z´´e serperão herméticas, cada um interprete do jeito que quiser. Ótimas

    ResponderExcluir